Nossa história
- Sobre as motivações para o surgimento da Casa da Árvore
A Casa da Árvore nasceu em 2001, como um projeto vinculado à Sub Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com o objetivo de criar um serviço de atendimento psicológico dirigido ao público infantil que contemplasse as crianças que não eram absorvidas pela rede pública. Em seguida, formalizou-se como uma ONG com o intuito de viabilizar a captação de recursos financeiros.
A motivação para a construção do projeto surgiu da constatação de que, embora tenham grande demanda por atendimento psicológico à questões referentes ao sofrimento infantil e familiar, as famílias de baixa renda dificilmente conseguem ter acesso a um acolhimento ambulatorial na rede pública. A enorme demanda de atendimento psicológico infantil gera longas filas de espera, além de exceder muitas vezes a capacidade de absorção das instituições conveniadas. Esses fatos, acrescentados à dificuldade de deslocamento da população pela cidade, resulta em uma grande defasagem entre a demanda da população e o número de pessoas que são, de fato, atendidas. Além disso, uma parte considerável das famílias que procuram tratamento e recorrem ao serviço público de saúde chegam em busca de acolhimento e suporte para lidar com questões referentes às dificuldades cotidianas de cuidado e criação dos filhos.
Desta forma, inspirada no reconhecido dispositivo clínico francês Maison Verte, criado há mais de 30 anos na França pela pela psicanalista Françoise Dolto, a Casa da Árvore ampliou o campo da intervenção psicológica, instalando-se diretamente no território, e trazendo duas perspectiva principais para o trabalho: além de acolher as crianças como sujeitos e cidadãos, pretende-se favorecer e fortalecer os adultos tutelares no desempenho de sua função, ao invés de culpabilizá-los por possíveis “falhas” no cuidado com os pequenos. Para tal, oferece um ambiente de acolhimento e trocas afetivas em que seja possível, para adultos e crianças, a partilha de sentidos para suas ações e sofrimentos.
A Casa da Árvore surge com um objetivo principal construir e disseminar uma política de valorização dos cuidados com as crianças, auxiliando pais, familiares, cuidadores, educadores e equipes de saúde – agentes desses cuidados – no estabelecimento de um ambiente favorável ao desenvolvimento infantil.
Ao estimular a construção de redes sociais e afetivas que contribuam para a promoção da saúde mental e de um desenvolvimento sadio das crianças, a Casa da Árvore auxilia na prevenção dos efeitos da violência – seja ela social, cultural e/ou familiar – nos territórios em situação de vulnerabilidade social.
Para alcançar tais objetivos, investimos nas seguintes linhas de atuação: atendimento e acompanhamento psicológico de crianças de 0 a 11 anos, incluindo pais e familiares, equipes de saúde e profissionais de educação infantil; promoção de um espaço que valoriza o brincar e a palavra como instrumentos no processo de subjetivação; e construção e fortalecimento de uma rede de cuidados à infância nos territórios em que estamos inseridos. Além disso investimos na sistematização da metodologia de trabalho através de grupos de estudo, supervisão e publicações científicas da equipe de psicólogos participantes.
- Sobre a nossa fundação e história
A Casa da Árvore foi fundada em 2001 pelas psicanalistas Lulli Milman e Maria Fernanda C. da Cunha Baines como um projeto de extensão do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a UERJ. Lulli vinha de uma experiência de mais de vinte anos à frente do Serviço de Psicologia Aplicada da UERJ, do qual foi uma das fundadoras e tinha a intenção de criar um serviço de atendimento psicológico dirigido ao público infantil, que fosse mais efetivo e contemplasse um número maior de crianças. A proposta inicial teve como inspiração o trabalho criado pela psicanalista Françoise Dolto, na França: a Maison Verte, um espaço de acolhimento para crianças de até 3 anos, acompanhadas de seus responsáveis.
O primeiro Espaço de Convivência Casa da Árvore surgiu em 2001, no Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro. Em 2003, foi inaugurado o Espaço de Convivência do Morro do Turano, também no Rio, e, em 2004, foi a vez da Ilha da Conceição, em Niterói, e do Morro do Chapéu Mangueira, no Rio. O primeiro desafio foi adaptar o projeto à realidade brasileira, melhor dizendo, às múltiplas realidades brasileiras: todos os Espaços de Convivência foram criados levando em conta as características próprias de cada comunidade. Uma das consequências mais importantes dessa adaptação foi a ampliação da faixa etária: passamos a atender crianças de até 12 anos de idade, sendo que as de até 6 anos devem estar acompanhadas de seus responsáveis. Contudo, não foi apenas a faixa etária que se ampliou: o projeto cresceu em muitas direções.
Um primeiro desdobramento foi a partir de um convite para a atuação em creches voltadas para o atendimento de crianças de baixa renda. A Casa da Árvore inicia, a partir deste convite, em 2003, a construção de um trabalho de atenção às crianças atendidas em instituições de educação infantil e de formação dos profissionais atuantes nessas instituições. O projeto Cuidando de Quem Cuida busca valorizar e promover a formação e a construção de uma rede de apoio solidária entre os profissionais que atuam neste setor.
O longo tempo de inserção nas comunidades levou a equipe a expandir sua atuação para um terceiro grande desafio: a realização de um trabalho que visa identificar parceiros – potenciais e efetivos – para tecer e articular uma rede que potencialize ações voltadas para o cuidado com as crianças. Nesse sentido, a Casa da Árvore tem promovido e participado de eventos, reuniões e movimentos que visam a valorização da infância. Desde 2009, realizamos Campanhas de Valorização da Infância, com o objetivo de sensibilizar e chamar a atenção das comunidades nas quais estamos inseridos para a importância desse tema. Essas ações, somadas às rodas de conversas com os pais e cuidadores, compõem o Núcleo Ações na Comunidade.
Ainda em 2009, a Casa da Árvore foi convidada pelo Ministério da Saúde a participar das discussões e da formulação de uma política específica para a população de 0 a 6 anos – a Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis. Desde então tem participado ativamente, junto à outras instituições, da construção do Plano Municipal da Primeira Infância (PMPI). Este movimento também levou a Casa da Árvore a construir ações em Parceria com Atenção Básica nas comunidades onde está inserida, seja realizando ações e reuniões junto aos profissionais do PSF, seja realizando trabalho de Sala de Espera nos postos de saúde.
Além de fortalecer os trabalhos realizados em campo, o vínculo com a Universidade estimulou, desde o início, a preocupação com a Formação e a produção científica. A exigência de reflexão é constante e se realiza através de grupos de estudo, reuniões de supervisão clínica e reuniões de planejamento estratégico. A Casa da Árvore também oferece estágio curricular para estudantes de psicologia, organiza palestras com profissionais da área e realiza semestralmente seminários internos com a participação de convidados com o objetivo de estimular uma reflexão constante sobre o trabalho.